Opinião Pessoal (XXV)

Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 29 maio 2024

Ainda sobre as comemorações dos 50 anos da nossa Liberdade apresento, hoje, algumas recomendações que considero úteis para a generalidade dos leitores destas crónicas de quarta-feira.

1. Organizar uma deslocação à vila pesqueira de Peniche, juntando, preferencialmente, três gerações da respetiva família, para visitar a Fortaleza onde, agora, foi inaugurado o novo Museu Nacional Resistência e Liberdade. A visita deve ser agendada através do preenchimento de formulário próprio, facilmente acessível na internet. Aconselho que seja programada com a duração de tempo suficiente para ser completa (duas horas).

O Museu é uma fortaleza antiga, construída no tempo da ocupação espanhola pelos reis Filipes, mas só concluída no início do reinado de João IV de Bragança, em 1645. Mais tarde acolheu o Regimento de Infantaria e durante o Estado Novo foi cadeia para presos políticos que se oponham a Salazar.

Ficaram célebres as fugas de António Dias Lourenço (em 1954) e a de Álvaro Cunhal, em 1960. Curiosamente, a evasão de Cunhal, acompanhado por mais nove companheiros seus, terá sido organizada a partir do exterior por Dias Lourenço.

Imperdível. Inesquecível.

2. Quem se interessa por conhecer pormenores da preparação da Revolução de Abril não poderá deixar de ver os nove episódios da excelente série documental, “A Conspiração”, que a RTP1 tem difundido nas últimas semanas. As emissões, que ainda decorrem no horário mais nobre da estação, representam justas homenagens aos heróis do Movimento das Forças Armadas que libertaram o País há 50 anos. A série, escrita e realizada pelo cineasta António-Pedro Vasconcelos, é magnífica. Como se sabe António-Pedro viria a morrer a 5 de Março de 2024, os 84 anos. Poucos dias antes, mesmo internado no hospital, trabalhou na obra que nos deixou.

3. Na dimensão política, proponho o acompanhamento das notícias sobre o Manifesto da Justiça que foi, inicialmente, promovido por 50 personalidades provenientes de diversos quadrantes políticos que consideram urgente reformar as magistraturas como órgão de soberania.

A falta de transparência, as desigualdades no acesso à Justiça e a intolerável morosidade constituem, entre outras, componentes críticas do Sistema que impõem profunda e inadiável Reforma.

4. Sem assumir a importância dos pontos acima enumerados, e apesar de eu mesmo ser parte interessada como coautor, aconselho a leitura da recente publicação intitulada “50 ANOS DEPOIS – AS POLÍTICAS SOCIAIS EM PORTUGAL” que as Edições Almedina publicaram recentemente. Trata-se de um livro coordenado por Jorge Simões e que conta, em capítulos distintos, com a participação de Gustavo Cardoso, Jorge Reis Novais, Sara Vera Jardim e Vasco Franco.

É, estou certo, uma boa sugestão para a Feira do Livro, em Lisboa, que hoje tem início no Parque Eduardo VII e que decorrerá até 16 de Junho.

Francisco George
franciscogeorge@icloud.com